Amizade
Passamos a maior parte da nossa vida
todo um percurso
à procura de um lugar que sabemos existir
porque já nos aproximámos o suficiente
para saber que existe
Dizem-nos que isso só nos livros ou nos filmes
e deixamos de falar nisso
Sabemos bem que depois de ver essa claridade
e sentir o seu calor
nada nos poderá confortar
não é essa a nossa natureza
Um dia o tempo pára
e cruza as suas linhas e voltas por um segundo
Somos de novo quem fomos um dia
a criança que sabia e que se projectava no futuro
Um segundo é quanto basta
para misturar as linhas e voltas do tempo
O amigo imaginário está ali
carne e osso
voz própria
ideias definidas
Somos dois agora
e é como se o mundo inteiro estivesse do nosso lado
e não do outro lado
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Eleições presidenciais 2016
Tenho acompanhado a maior parte dos debates televisivos com os candidatos a Presidente. Há quem diga que os debates são muito maçadores e que não vão alterar a escolha dos eleitores. No meu caso, têm sido muito divertidos e esclarecedores.
Há perfis para todos os gostos. E mesmo que saibamos que a tendência de qualquer candidato é dar a melhor imagem de si mesmo, é impossível representar todo o tempo. Há momentos fugidios em que se revelam na sua autenticidade. É preciso estar muito atento para os apanhar.
Aqui já tinha referido qual o perfil ideal de Presidente, sobretudo na actual situação do país. Portanto, no meu caso, é só perceber quem corresponde ao perfil que aí considerei. Interessante é perceber que uma pessoa pode ser perfeita para um lugar numa determinada circunstância. Sim, é Marcelo Rebelo de Sousa.
Surpresas positivas dos debates: Maria de Belém e Marisa Matias, as duas mulheres. Maria de Belém pela sensatez e organização. Marisa Matias pela sua vivacidade e coragem.
Maria de Belém daria uma boa Presidente numa situação estabilizada do país, o país mais animado, mais alegre, mais optimista. Não é o caso.
Marisa Matias pode vir a ser uma boa Presidente daqui a alguns anos. E, do mesmo modo, com o país numa situação económica e social normalizada. Esperemos que isso venha a ser o nosso futuro daqui a uns anos.
Prémio de consolação: mesmo considerando que há candidatos com mau feitio e um ou outro mesmo torcidinho, os nossos comportam-se de um modo muito mais civilizado do que os candidatos americanos.
Sim, os trunfos de Marcelo são a força do sorriso e o afecto. Marcelo, o Conciliador.
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A luz do Natal
Este ano o Natal encheu a casa, iluminou-a. Tal como antes, há muitos anos. Passou de uma marcação no calendário, festa de família, para abranger todos os que cabem lá. Lá = o espaço dos afectos, que é infinito.
É assim que este Natal chegou... com as famílias de refugiados de uma guerra. Crianças sem pais também vieram. E muitos jovens com a esperança de encontrar um lugar neste lado de cá.
O menino nasceu, como nasce todos os anos. Vemo-lo sorrir de braços abertos. É a imagem mais surpreendente num mundo que se fechou sobre si próprio. Fronteiras geográficas e muros.
Alguns países acolheram as famílias que chegam. Que a luz do Natal continue a iluminá-los.
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O cinema e a vida: envelhecer de forma simples, digna, livre, poética
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A publicidade como comunicação: os fios, os laços, os afectos
Sou alérgica a campanhas publicitárias agressivas e invasivas que utilizam as fragilidades humanas como a necessidade de agradar, o receio da rejeição, a crítica boçal, o riso larval, a ausência de respeito pelo outro. No fundo, a pressão para adquirir o produto porque todos os que contam o adquirem.
Também a sedução pelo lado mais fácil e preguiçoso não me atrai: um produto, um serviço ou uma ideia valem por si próprios ou não valem o preço da sua aquisição. Só assim se percebem certos embrulhos que escondem a falta de qualidade. A política entra neste pacote.
As novas formas de publicitar um produto, um serviço ou uma ideia, podem configurar e incorporar uma mensagem. São novas formas de comunicação.
As que mais me fascinam são precisamente as que apelam à inteligência emocional, seja pela criação de ligações entre as pessoas, seja pelo sentido de humor, seja pelo absurdo. Também as que informam sobre o produto ou serviço, a sua utilidade e potencialidades.
Vou procurar seleccionar aqui as melhores campanhas publicitárias que vi recentemente. A primeira é esta, da Milaneza que, em colaboração com a RFM, desafiou os seus ouvintes com o mote: "Pode Milaneza ser mais do que massa?" O resultado é muito interessante, como podem verificar:
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A música e a vida: o que permanece
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A música e a vida: razões para viver
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A família como espaço de liberdade
Associamos a família à ideia de refúgio e protecção (pais), apoio afectivo e elos fiáveis (casal), projecção no futuro (filhos). Mas raramente nos ocorreria associá-la à ideia de liberdade.
Algum dia leram o livro de George Orwell, 1984? Ou viram o filme? É mais um desafio que vos deixo, caros Viajantes.
No livro e no filme está lá essa ideia fundamental: o espaço de liberdade individual começa no espaço exacto dos afectos, dos laços afectivos. É aí que ele deixa de estar completamente só, vulnerável, exposto à domesticação social.
Este primeiro espaço afectivo pode ser alguém significativo que cuidou dele, ou apenas a memória de alguém que o tenha olhado com carinho, ou mesmo ainda a memória remota de canções infantis. Essa é a base possível para poder reconhecer num outro alguém a possibilidade de construção de laços fiáveis, espaço onde mais ninguém pode entrar, esse mundo invasivo e manipulador.
Os tempos que vivemos actualmente, no país e na Europa, não são assim tão distantes desse lugar opressivo do 1984 de Orwell, estamos lá perto. Daí a importância da família-espaço de liberdade, dos afectos-espaço de liberdade, da amizade-espaço de liberdade, do respeito por si próprio e pelos outros-espaço de liberdade.
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Portugal, a velha casa
Portugal das nuvens brancas de Maio
dos sorrisos luminosos
das canções populares
dos rios frescos
das cidades brancas
dos poetas esquecidos
das árvores resistentes
da família e dos amigos
dos festejos
dos abraços
Portugal, a velha casa
a que nunca se abandona
a que nunca se esquece
a que nos prendeu a alma
e nos encheu de alegria
Que eu saiba guardar sempre
a tua claridade
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Antes vivos uma hora, do que a dormir uma vida inteira
Olho para trás e já não te vejo
Quem eu vejo é um reflexo criado por mim
O caminho está deserto de novo
mas não de uma forma desagradável
O sol ilumina tudo como numa paisagem irreal
Vejo pela primeira vez as marcas dos meus passos
e estranho a sua terrível consistência
Sempre gostei de insistir nos mesmos erros
Acordei de um sono longo
e já não poderia respirar nessa ficção
Estes são os efeitos secundários da verdade
uma vez vislumbrada, nada a poderá substituir
Antes vivos uma hora, do que a dormir uma vida inteira